António Miguel Ferreira fala à Agência Lusa sobre recrutamento, o mercado das TI e a Administração Pública

António Miguel Ferreira - Managing Director - Claranet Portugal

António Miguel Ferreira
Managing Director | Claranet Portugal

O Managing Director da Claranet Portugal destaca o objetivo da Claranet de contratar 100 profissionais até ao final de 2022.

Dos projetos de novas contratações de profissionais ao mercado das TI em Portugal; da estratégia de crescimento da Claranet aos desafios que a Administração Pública enfrenta para concretizar a transformação digital: em entrevista à agência Lusa, António Miguel Ferreira fala dos principais desafios que se colocam à empresa em Portugal e que irão ditar a estratégia de crescimento nos próximos anos.

Ao nível do recrutamento o Managing Director da Claranet confirmou o plano para contratar cerca de 100 pessoas até ao final do ano (metade das quais durante o primeiro semestre), reconhecendo, no entanto, o desafio que uma contratação a essa escala representa."Há uma escassez de profissionais no mercado" e "as multinacionais que se estão a estabelecer em Portugal também aumentam a procura e a oferta não tem aumentado", refere, explicando que esta situação "coloca muitas dificuldades a empresas como nós em encontrar profissionais para continuarem o seu crescimento".

A empresa conta atualmente com 800 trabalhadores em Portugal e António Miguel Ferreira explica que a Claranet está a trabalhar em duas frentes para aumentar esse número: abrir escritórios no interior e Alentejo, aumentando também a capacidade do Centro de Competências Digitais de Viseu; e apostar nas operações do Brasil, através da criação de um centro de competências digitais fora da região de São Paulo, recorrendo a profissionais locais para trabalho em modo remoto.

Crescimento e inovação

Claranet - future

Os resultados da Claranet Portugal e a estratégia de crescimento delineada para os próximos anos foram outros dois temas abordados na entrevista de António Miguel Ferreira à Lusa.

No ano fiscal que termina em junho próximo as previsões apontam para uma faturação de cerca de 210 milhões de euros – face a 130 milhões registados no ano fiscal anterior –, valor que já contempla as aquisições da Bizdirect (junho) e da OutScope (setembro) o ano passado.

O Managing Director da Claranet refere que desde 2017 a empresa registou um crescimento anual em Portugal de 20 por cento (12% sem as aquisições), resultados muito acima do mercado, que tem progredido entre 3% a 4% ao ano.

Este crescimento é justificado "porque somos mais competitivos e inovadores do que a média dos nossos concorrentes”, mas também porque a Claranet consegue adaptar-se rapidamente às áreas de mercado com maior procura. Por exemplo, o investimento em infraestruturas e equipamentos "está estagnado", enquanto a Cloud, a Cibersegurança e a área dos Dados estão em franco crescimento.

Questionado sobre novas aquisições, António Miguel Ferreira refere que, a acontecer, só em 2023. "Num caso já estamos em fase de negociação com uma empresa e num outro a identificar as empresas que fazem 'fit' com aquilo que nós pretendemos, isto fará com que, provavelmente, haja uma nova aquisição, mas só em 2023…".

O papel na Administração Pública

António Miguel Ferreira abordou ainda a questão da transformação digital na Administração Pública, destacando a necessidade da eliminação do papel e a adoção da assinatura digital, por um lado, bem como uma aposta maior das instituições nas tecnologias de Cloud.

No primeiro caso o Managing Director da Claranet considera que "ainda continuamos a trabalhar muito com papel desnecessariamente”, defendendo que "a obrigatoriedade de o Estado contratar através de assinatura digital é uma medida que seria muitíssimo importante".

O Simplex deu um grande avanço, partimos na frente e agora parece que ficámos estagnados e eu não consigo lidar com a Administração Pública só por meios exclusivamente digitais

Claranet - lift cloud

Por outro lado, António Miguel Ferreira congratulou-se com a iniciativa do Comité Europeu para a Proteção de Dados (CEPD) para investigar a utilização da Cloud por parte das entidades públicas na EU, acreditando que poderá contribuir para o uso adequado destas tecnologias, com garantias de que os dados estão protegidos e de acordo com o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD).

O Comité Europeu para a Proteção de Dados (CEPD) anunciou em 15 de fevereiro o início de uma ação coordenada de supervisão, que envolve 22 autoridades de proteção do Espaço Económico Europeu (EEE), incluindo a Autoridade Europeia de Proteção de Dados (AEPD), "as quais nos próximos meses vão investigar como as entidades públicas estão a usar os serviços baseados em Cloud'", de acordo com informação da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD).

"Ainda se consome muito IT no Estado em Portugal; o Estado é uma espécie de uma âncora e ainda não está muito na Cloud”, conclui.

in Jornal de Negócios (via Agência Lusa)