Quais as skills que a banca necessita para apostar (ainda) mais na Cloud?

O aumento da importância das infraestruturas de Cloud na banca criou novas oportunidades de negócio com base na inovação, mas exigiu também novas competências que as instituições deverão rapidamente ganhar… ou contratar.

Nuno Sousa - Financial Services Director - Claranet

Nuno Sousa
Financial Services Director - Claranet Portugal

O crescimento da utilização das infraestruturas de Cloud na banca tem ajudado a transformar o próprio negócio, quer através da inovação com que as chamadas fintechs e big techs entraram no mercado, quer em relação à resposta que a dita banca tradicional tem dado a estes desafios.

Mas o aumento da procura por plataformas de Cloud trouxe também um novo nível de exigência aos colaboradores e às instituições, gerando uma necessidade crescente de skills adequadas à utilização eficaz dessas plataformas, como forma de potenciar as tecnologias que lhes estão associadas.

À semelhança de outros setores de atividade, onde o papel da tecnologia é fundamental para o crescimento dos negócios, também aqui a escassez de mão-de-obra qualificada, sobretudo em Cloud computing, levanta desafios que carecem de solução - imediata e a longo-prazo.

Olhando para um estudo recente da Global Skillsoft2021 IT Skills and Salary Report -, com base em inquéritos efetuados a cerca de três mil responsáveis de IT, a escassez de skills associadas às tecnologias de Cloud poderá custar às empresas cerca de 22 mil dólares anuais, por cada colaborador. E o mesmo estudo indica que 70% dos responsáveis inquiridos admite que as áreas de Cloud, DevOps e Cibersegurança são já as mais difíceis para encontrar talento qualificado, gerando um atraso de cerca de oito meses na contratação de colaboradores com especialização em Cloud.

Como pode então a banca endereçar estes desafios, principalmente numa altura de transferência crescente da informação dos sistemas legacy para a Cloud?

Aposta em novas skills

Podemos apontar dois tipos de soluções para endereçar estes desafios, numa lógica de complementaridade e de resposta à escassez de Recursos Humanos especializados: aquisição de skills técnicas e comportamentais – uma solução apontada por muitos responsáveis de RH internacionais como essencial a médio-prazo; e aposta em providers que garantam um mix entre as operações internas e externalização de serviços de Cloud, proporcionando mais agilidade, menos custos e o aproveitamento eficaz desta tecnologia.

Olhando para o interior das instituições bancárias, podemos falar em seis skills técnicas essenciais – a formar ou como requisitos de recrutamento - para que os colaboradores possam projetar, implementar, operar e manter os sistemas Cloud:

Claranet - Cloud Skills técnicas

  • Cloud
  • Engenharia Moderna
  • Data & Intelligence
  • Métodos Agile
  • DevOps & DevSecOps
  • Cibersegurança
  • Já ao nível das skills comportamentais, são normalmente transversais a vários departamentos das organizações, embora possam fazer a diferença num contexto de utilização das plataformas de Cloud:

    Claranet - Cloud skills comportamentais

    • Cultura Digital
    • Otimização do valor da tecnologia
    • Colaboração multifuncional
    • Liderança baseada em dados
    • Foco no cliente
    • Cultura de inovação

Novos modelos operacionais

Se a aposta em novas skills preconizada neste contexto poderá garantir às instituições bancárias importantes ferramentas para dar continuidade à sua transição para a Cloud e para processos mais rápidos de inovação, a verdade é que a curto-prazo as respostas mais rápidas vêm extramente de providers com know-how e experiência nestas plataformas, bem como em formas ágeis e inovadoras de gestão das infraestruturas.

A chave está em apostar em diferentes modelos operacionais (Managed Services e Talent) para fazer coexistir diferentes fases de projetos de transformação digital. A ideia é que as instituições consigam gerir as suas infraestruturas a nível interno, abrindo, ao mesmo tempo, caminho a projetos e sistemas de TI que permitam acompanhar duas das tendências mais fortes na banca: “know your client” e “customer centric”.

Claranet - Cloud

Para isso é necessário olhar para um modo operacional tradicional – SysOps -, em que o cliente gere a infraestrutura de TI no mesmo modo tradicional que sempre geriu a sua infraestrutura on-prem ou de Cloud privada, abrindo também caminho a uma equipa paralela, assente num modelo DevOps, já com ferramentas, formas, métodos e uma aproximação maior à parte de desenvolvimento, a trabalhar com plataformas Cloud como Azure, AWS e Google.

Importa também nestes cenários desenhar uma framework que permita trabalhar estas duas realidades, através da adoção de Managed Services para uma solução híbrida – com um modelo tradicional de SysOps que pode estar nas instalações do cliente (com solução 24x7 do lado do Provider, de preferência, para garantir sinergias) e uma equipa com um modelo de DevOps.

Mesmo sem conseguir concretizar uma disrupção total, uma vez que existem ferramentas legacy e outras que estão a ser amortizadas, com manutenção muito baixa e custo quase zero, poderão existir ganhos de eficiência significativos, a prazo, ao apostar nesta transformação.

E neste caso, a contabilização dessa eficiência terá se ser feita contemplando os novos investimentos nas TI, mas também os custos reais que a escassez de skills associadas à Cloud pode representar para as instituições que vêm a inovação como essencial para a continuidade do seu negócio.

Written by Nuno Sousa - Financial Services Director

Nuno Sousa é Diretor de Financial Services na Claranet Portugal desde fevereiro de 2022, depois de assumir, em abril de 2018, a liderança estratégica dos serviços para clientes do setor financeiro.

Profissional com mais de 20 anos de experiência em consultoria e no desenvolvimento de soluções de IT, possui um forte background tecnológico que resulta da especialização, ao longo dos anos, em áreas como a Cloud Computing, Public Cloud, Telco e Cibersegurança.

Durante o seu percurso profissional passou por distintas empresas tecnológicas, nacionais e internacionais, sendo a sua participação ativa em projetos complexos e de multidisciplinaridade tecnológica.

Nuno Sousa possui várias certificações na área tecnológica, tendo realizado a sua formação na Universidade Católica Portuguesa, na Harvard Law School e no Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto.